Os números da secretaria de Estado da Segurança Pública e da
Defesa Social (Sesed) anunciam que de janeiro a outubro desse ano foram
registradas 79 mortes violentas em Macaíba. O número é quase o triplo se
comparado com os dados do mesmo período no ano passado, quando foram anotadas
27 mortes.
A força-tarefa designada pela Sesed para conter a violência
ainda não produziu resultados satisfatórios. Pelo contrário. A média de
homicídios aumentou no último mês.
O cenário em Macaíba pode ser ainda mais preocupante se
analisarmos os dados do Conselho Estadual de Direitos Humanos e Cidadania
(Coedhuci). O presidente do órgão, Marcos Dionísio, contesta as informações da
Sesed e aponta um índice de violência mais elevado.
“De acordo com nosso
acompanhamento, de 1º de janeiro a 31 de outubro desse ano, na verdade tivemos
87 homicídios em Macaíba. Não há uma transparência com os números da
secretaria”, pontua.
Independente da fonte dos números, há um consenso: a
violência no município aumentou de forma vertiginosa nos últimos doze meses.
Concomitantemente, não houve aparelhamento das polícias para barrar a
criminalidade e os bandidos passaram a agir a qualquer hora do dia.
Para o coronel
Josimar de Lima, comandante do 11º Batalhão de Polícia Militar (BPM) –
responsável pelo policial de Macaíba e outras quatro cidades – a violência é
gerada por questões socioeconômicas. “Falta estrutura familiar e emprego. Sem
ocupação, o jovem procura a droga e acaba morrendo ou matando”, analisa.
O delegado Normando Feitosa, responsável pela única
delegacia do município, apresenta outra versão que ajuda a explicar a escalada
da violência em Macaíba. “Cerca de 30% dos homicídios não ocorre em Macaíba.
Aqui é apenas o local de desova de cadáveres. Mata-se em municípios vizinhos e
trazem o corpo para cá”, pontua.
O delegado também imputa ao tráfico de drogas uma boa parte
dos crimes. “O tráfico é o carro-chefe. As mortes ocorrem por acerto de contas
ou disputa de pontos de drogas”, acrescenta.