A presença do presidente nacional do PT, Rui Falcão,
em Natal, serviu para complicar ainda mais o confuso quadro sucessório deste
ano. Rui ao afirmar que o PT não faz aliança com partidos que não apoiem a
reeleição da presidente Dilma Rousseff – leia-se o PSB – se de um lado
direcionou os rumos da executiva estadual petista; do outro, pode até inviabilizar
o projeto de eleição da deputada federal Fátima Bezerra ao Senado.
Isso posto, se o PT aqui vai formalizar aliança com
o PMDB/PROS – como é o desejo da executiva nacional – a situação de Fátima se
complica, pois a chapa Fernando Bezerra (Governo) e Fátima Bezerra (Senado)
está passível de um desastre total e os dois até mesmo serem derrotados. Com um
candidato ao governo sem respaldo popular, apenas imposto pelos primos Henrique
Eduardo e Garibaldi Filho, a deputada Fátima teria, então, de carregar o
candidato a governador e ir buscar junto à população votos para ele e ela. Os prefeitos
do PMDB sabem que isso é uma tarefa pesada. Inegavelmente, Fernando é um
candidato impopular, queira ou não a cúpula peemedebista. E mais: Fátima sabe,
pela experiência de 2008, quando disputou a prefeitura de Natal, que se impor
um candidato mesmo que tenha o apoio das maiores lideranças estaduais, não
significa vitória certa. Ela tinha o apoio dos governos Federal, Estadual e
Municipal, de lideranças como Wilma de Faria, Henrique Alves, Garibaldi, Carlos
Eduardo e muitos outros, mas foi esmagada por Micarla de Sousa.
Do outro lado, também está complicada a aliança
do tripé PSB/PSD/PDT. A vice-prefeita Wilma de Faria, bem cotada nas pesquisas
para o Governo e Senado, encontra obstáculo para assumir uma posição definida
em termos de que cargo disputará. Motivo: a intransigência do vice-governador
Robinson Faria que impõe a sua candidatura a governador. Wilma tem dito que só
disputa o Senado se tiver um candidato forte ao governo. E Robinson, de acordo
com as pesquisas, ainda não viabilizou eleitoralmente tal candidatura. Segue
como terceiro colocado a espera de que Wilma coloque-o debaixo dos braços –
como fez com Carlos Eduardo quando disputou a prefeitura pela primeira vez –
para patrocinar a sua candidatura. Garanto que Wilma não está disposta a isto.
Ou Robinson assume o plano “B” ou esse grupo político também está fadado ao
fracasso.
E a governadora Rosalba Ciarlini (DEM)? A
situação é ainda mais complicada. Primeiro, tem apenas alguns meses para
deslanchar o seu governo, o que não conseguiu em três anos; depois, está com
duas cassações por improbidade e compra de votos decretadas por órgão
colegiado, o que a torna inelegível de acordo com a Lei da Ficha Limpa (Lei
Complementar nº 135/2010, art. 1º, “d”). Seus aliados – principalmente os
deputados – estão em uma encruzilhada, como é o caso do senador José Agripino,
que não pode ficar com o PMDB, pois lá está o PT; e não pode ficar com o grupo
de Wilma pois lá está o seu inimigo ferrenho Robinson Faria
Então,
a até o fim de março, espera-se que este quadro indefinido e complicado tenha
uma solução. Que tal ouvir o povo...
Por Maciel Gonzaga (Jornalista e Advogado)
Por Maciel Gonzaga (Jornalista e Advogado)