Dirigentes partidários e políticos da esquerda à direita afirmam que as eleições municipais de 2024 registraram, na percepção deles, um volume inédito de Caixa 2, de compra de votos e de tentativa de infiltração do crime organizado na política.
Indicativos dessas
ilegalidades aparecem em registros da Polícia Federal e do TSE (Tribunal
Superior Eleitoral), foram abordados em discursos na Câmara e no Senado e têm
como pano de fundo as bilionárias verbas públicas envolvidas tanto nas
campanhas - R$ 6,2 bilhões - como nas emendas parlamentares que abastecem
estados e municípios —mais de R$ 50 bilhões em 2024.
“Aproveito o
momento para denunciar desta tribuna a maior derrama de dinheiro no processo
eleitoral do Brasil. Nunca houve no nosso país uma eleição com tanta compra de
votos, malas de dinheiro em todos os Estados da Federação”, discursou no
plenário da Câmara o deputado federal José Nelto (União Brasil-GO), dois dias
após o primeiro turno das eleições.
“Caros colegas, eu
subo a esta tribuna para falar do show de horror que vimos nas eleições. Compra
de voto, bandidagem. (…) É vergonhoso o uso de dinheiro público com essa
bandidagem. É vergonhoso vermos pessoas que, além de venderem emenda
parlamentar aqui, ali, nesta instituição e na outra, ainda vão cobrar a
fatura”, afirmou a deputada Adriana Ventura (Novo-SP), na mesma sessão.
Secretário nacional
de comunicação do PT, o também deputado federal Jilmar Tatto (SP) vai na mesma
linha.
“Tivemos relatos
principalmente de cidades do interior que não estavam acostumadas a esse tipo
de comportamento, muitos relatos de distribuição de dinheiro vivo. No dia da
eleição, um dia antes”, diz o parlamentar, acrerscentando que “a Polícia
Federal apreendeu dinheiro vivo, isso é fato, em várias campanhas pelo Brasil”.